“Desejam poder absoluto, controlo total e escrutínio mínimo.”

XXX Congresso do CDS-PP, Aveiro, 16 de Julho de 2022
Discurso de por Mário Cunha Reis, Porta-Voz da TEM Esperança em Movimento


Senhor Presidente da Mesa do Congresso,
Senhores Congressistas,

Senhor Presidente do Partido,

A imprensa assinalou como facto político mais relevante da proposta que apresenta em Congresso a extinção da TEM Esperança em Movimento.

A ser verdade, seria lisonjeiro para a TEM ver um Congresso convocado por iniciativa do Presidente apenas com este propósito.

Trata-se naturalmente de uma apreciação simplista e algo ingénua, que atribui à TEM uma importância que manifestamente não tem, talvez porque que não se tenha apercebido que com a sua proposta são criados novos órgãos e novos gabinetes e inerências, o que lhe permitirá centralizar e reforçar o seu poder.

Senhores Congressistas,

O que está em causa não é a extinção da TEM, mas a tentativa de concentração de poder e de redução de toda a forma organizada de escrutínio sobre a direcção nacional.

A TEM procurou exercer o escrutínio político, patrimonial, financeiro e estatutário, o que nem sempre foi do agrado de quem, em cada momento, dirigiu o partido.

Fizemo-lo sempre com lealdade institucional e sentido de responsabilidade, na defesa dos interesses do partido e dos seus militantes.

Denunciámos práticas anti-democráticas, atropelos a estatutos e regulamentos e ao regular funcionamento dos órgãos.

Questionamos as condições da venda do terreno da sede do Porto, ainda hoje por esclarecer. O Dr. Nuno Melo, então Vice-Presidente, que afirmou nada saber sobre o assunto, hoje não só tem os poderes para o saber, como tem na sua equipa como Secretário-Geral e Vice-Presidente, os então Secretário-Geral e procurador do negócio, respectivamente. Os militantes anseiam por uma explicação.

Os tempos não estão fáceis para o CDS e o partido poderá ver-se na contingência de ter que vender algum do património restante. Compreende-se assim porque pretendem que a TEM deixe de ter lugar por inerência na Comissão Política Nacional.

A questão central é o escrutínio.

E o Senhor Presidente e alguns dos que o acompanham mais de perto não o querem.
Desejam poder absoluto, controlo total e escrutínio mínimo.

Senhor Presidente do Partido,

Um dirigente político e um democrata deve promover a transparência e criar condições para que seja exercido um escrutínio a todos os níveis, de modo a reforçar a cada momento a sua legitimidade e a confiança dos militantes e eleitores na sua liderança.

Esta poderia ser a sua marca, a marca do seu mandato, na tentativa de recuperação de um CDS falido, desmoralizado e desacreditado, mas o senhor prefere seguir um caminho distinto e adoptar uma organização ao estilo de um comité central.

Nestas condições, não haverá responsabilidades partilhadas, nem desculpas pela pesada herança recebida, pois sabemos bem quem a gerou.

A responsabilidade será exclusivamente vossa.

Disse.

Viva a TEM Esperança em Movimento.
Viva o CDS Partido Popular.

E sobretudo e sempre, Viva Portugal!

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