João Pedro Henriques/DN
O CDS-PP vai continuar a ter fações internas e grupos e sub grupos mas a partir de agora deixam de ter consagração nos estatutos do partido. A revogação da norma foi aprovada este sábado, no 30º congresso do partido, que se realizou em Aveiro – o primeiro desde que o partido deixou de ter representação na Assembleia da República (AR). O presidente da Mesa do Congresso, José Manuel Rodrigues, disse que a proposta foi aprovada com 609 votos a favor, 18 contra e 20 abstenções.
Nuno Melo, presidente do partido e autor da proposta, justificou-a dizendo que a eficácia deste instrumento “é nenhuma”, uma vez que no partido só existe uma tendência organizada, a TEM (Tendência Esperança em Movimento).
“O senhor presidente e alguns dos que o acompanham mais de perto desejam o poder absoluto, controle total e escrutínio mínimo.”
Os dirigentes deste grupo reagiram mal, como seria de esperar. O porta-voz, Mário Cunha Reis, acusou Nuno Melo, de querer extinguir as correntes de opinião para não ser alvo de escrutínio, optando por adotar uma organização ao estilo de “comité central”. “O senhor presidente e alguns dos que o acompanham mais de perto desejam o poder absoluto, controle total e escrutínio mínimo”, acusou.
Para Cunha Reis, está-se perante uma “tentativa de concentração de poder e redução de toda a forma organizada de escrutínio sobre a direção nacional”. “Um dirigente político e um democrata deve promover a transparência e criar condições para que seja exercido um escrutínio a todos os níveis, de modo a reforçar a cada momento a sua legitimidade e a confiança dos militantes e eleitores na sua liderança”, disse, adiantando que esta podia ser a marca do mandato de Nuno Melo na tentativa de recuperação de um CDS “falido, desmoralizado e desacreditado”. No entanto – acrescentou -o presidente do CDS preferiu adotar “uma organização ao estilo de comité central”.
“Os sinais de hoje são de abafar todo e qualquer sentimento diferente ou diferenciador e não é dessa forma que se agrega, que se soma, que se cresce.”
Uma das poucas vozes que também se levantou contra a extinção das correntes de opinião foi a de José Pedro d”Orey, para quem esta proposta é “um sinal de que não se quer que haja sinais de opiniões diferentes num partido que se devia querer plural como sempre foi”. “Os sinais de hoje são de abafar todo e qualquer sentimento diferente ou diferenciador e não é dessa forma que se agrega, que se soma, que se cresce”, observou D”Orey, fundador da Juventude Centrista (JC).
O congresso serviu apenas para alterações estatutárias. Melo propôs, por exemplo, a criação de um o gabinete de Apoio Estratégico e Programático do partido. Aos cerca de 700 congressistas reunidos em Aveiro anunciou, “com muita honra”, que convidaria para presidentes deste novo órgão António Lobo Xavier e e Miguel Morais Leitão. Com as alterações estatutárias aprovadas este sábado, foram ainda criados outros órgãos, como um Gabinete de Relações Internacionais e um Gabinete de Comunicação (de forma a profissionalizar e modernizar esta área). (…)
