Alerta! Estão a usar-vos!

A RTP incluiu na programação do espaço infantil Zig Zag – “dedicado a crianças entre os 18 meses e os 14 anos” – a série “Destemidas” que conta, em desenhos animados, “histórias de mulheres excecionais que foram além das convenções e preconceitos”

O episódio 19, sobre Thérèse Clerc, activista feminista e fundadora do Movimento pela Liberadade do Aborto e da Contracepção, gerou polémica, pela flagrante apologia de Karl Marx, do aborto e da homossexualidade. 

Em resposta às mensagens de desagrado dos telespectadores, o Provedor da RTP, Jorge Wemans, referiu ter dado recomendações para que «em futura repetição da série, escolhessem outro horário mais apropriado para adolescentes e que não incluíssem o episódio».

Levanta-se aqui a questão se o dito programa (e não apenas um episódio) é adequado a um público adolescente. Para quem assistir a toda a série, é óbvia a aplicação de técnicas de manipulação psicológica ao longo de todos os episódios, pelo que o público adolescente não deve, também ele, ser exposto ao programa. Curiosa a utilização do termo “programa” neste contexto! 

Mas assim é. Através de mensagens e imagens subliminares, a série “infanto-juvenil” faz da família dita tradicional uma “tragédia” para a mulher, do homem e do caucasiano um “opressor”, e da religião um “ópio” entorpecedor. Ao longo de todos os episódios, sente-se a raiva e o ódio, enquanto motores de qualquer luta. O uso de palavras como “injustiça”, “indignação”, “luta”, “resistir”, “revolucionário”, “direitos”, “liberdade”, são uma constante. Mais… Há uma promessa de felicidade e sucesso a quem ousa “romper com os estereótipos” e “libertar-se do opressor”, o inimigo personificado no homem, que aparece como tirano ou imbecil, apenas útil quando contribui para as causas das personagens feministas apresentadas. 

Atente-se: não é esta a base dialética da cartilha marxista – oprimido contra opressor -, mas com um alvo e meios diferentes? 

Segundo os princípios da nova Revolução Cultural em curso, a Família é um inimigo, enquanto primeira entidade moral na qual o indivíduo se integra. Para alcançar a hegemonia cultural, há que destruir a Família e a base moral e cultural tradicionais do Ocidente, através da subversão dos princípios da moral e da ética cristãs, da valorização da homossexualidade e de outros temas fracturantes (que causam fracturas e não harmonia na sociedade!), explorado o suposto latente conflito entre o opressor e o oprimido. Daí a importância de também apagar a memória histórica colectiva e tudo o que esta representa. 

Todos estes temas devem ser incutidos nas crianças, acríticas, desde tenra idade, nas escolas e também com o apoio da comunicação social nomeadamente nos espaços ditos de informação e de entretenimento, como se assiste no caso denunciado. 

Esta nova Revolução Cultural é tida por muitos como conspiratória. Mas, independentemente de ter estado a ser implementada de forma progressiva e “natural” ou induzida pela acção de fundações internacionais, altamente influentes, ao longo de décadas, o certo é que quem estudou este assunto previu alguns dos fenómenos sociais da actualidade: convulsões sociais violentas, vandalismo e guerras civis, que mais não fazem do que conceder aos Estados maior capacidade de preservação do poder, por via das instituições culturais.

Um alerta às mulheres, à comunidade homossexual, à comunidade negra e a todos aqueles que trabalham na comunicação social: estão a usar-vos! 

Fazem de vós “idiotas úteis”, instigando o ódio, criando problemas (onde eles já não existiam ou se desvaneciam), com a participação de todos aqueles que, temerosos, não querem ficar com o rótulo de “intolerantes” e pretendem “ficar bem na fotografia”. 

Se houvesse uma real preocupação contra a discriminação, o financiamento dos movimentos feministas e LGBT seriam dirigidos a países onde é aplicada a lei islâmica radical e onde são sistematicamente violados os direitos humanos, em particular das mulheres e dos homossexuais. E os movimentos anti-racistas lutariam contra a escravatura onde ainda existe e não promoveriam o ódio racial e a violência na Europa e EUA. 

Com recurso à exploração dos sentimentos de indignação e raiva, estas minorias são emocionalmente manipuladas e a atenção de populações inteiras é desviada do que verdadeiramente interessa: se no dia de amanhã terão meios de sustento, sem depender da ajuda do Estado, cada vez mais omnipresente, que domina sobe uma sociedade empobrecida. 

Numa altura de pandemia, com a gravíssima crise financeira que se instala, temas como a destruição do emprego e a fome deveriam estar no centro das preocupações. Mas assiste-se ao subir de tom destes confrontos que inundam o espaço da comunicação social. E, desta forma, com posições a extremarem-se, violência e vandalismos nas ruas, manobras de engenharia social com crianças e adolescentes, mantém-se anestesiado o povo, para cumprir a agenda, apenas com um propósito: o domínio pela hegemonia cultural. 

Se este assunto do programa “Destemidas” na RTP2 é importante? Na conjuntura actual não o seria, não fosse óbvia a manipulação, o abuso psicológico e a programação ideológica, com recurso ao dinheiro de todos os contribuintes, que pagam mensalmente a taxa de contribuição audiovisual na factura de electricidade, financiando estes desmandos. No dia em que privatizarem a RTP, poderá não haver polémica. Mas enquanto todos pagam, sem opção, não contem com o nosso silêncio.

Joana Bento Rodrigues
Membro da Comissão Executiva da TEM/CDS

A autora não reconhece o AO 1990.