O secretário de Estado da (má) Educação

No mesmo dia em que foi (…) publicada [no Observador] a crónica A ideologia de género não é ciência, é ideologia, o secretário de Estado da Educação, Professor Doutor João Costa, fez, numa rede social, o seguinte comentário: “Este é o mesmo senhor – tenho alguma dificuldade em chamá-lo Padre – que há uns anos insultou um jovem por não tirar um chapéu sem procurar saber que ele o enterrou na cabeça para não ser reconhecido pelo pai, que lhe batia para não ir à escola. Estamos, portanto, conversados. Felizmente, como me disse um Padre a sério, a Igreja é como a arca de Noé: há espaço para todos. Deve ser fácil pregar em circuitos fechados de elites privilegiadas.”

O jornal Notícias do Viriato, que divulgou esta mensagem com o título óbvio – “Secretário de Estado da Educação insulta Padre” – acrescentou a seguinte explicação: “O secretário de Estado da Educação, João Costa, ao reagir no Facebook a um artigo de opinião no Observador sobre a Ideologia de Género, do Padre Gonçalo Portocarrero de Almada, referiu-se ao Padre como não sendo ‘a sério’ e que tinha ‘dificuldade em chamá-lo Padre’. Curiosamente, o título do artigo de opinião anterior do Padre, intitulava-se de Já abriu a caça aos Padres?”.

Se o que um senhor João Costa pensa de um padre qualquer nem a este interessa, muito menos à opinião pública. Mas, mesmo tendo o ofendido relevado o insulto, não pode passar despercebida a grave acusação de que o dito presbítero insultou um jovem, desmerecendo da sua condição sacerdotal, formulada publicamente pelo secretário de Estado da Educação. Com efeito, há alguns anos, um efémero Ministro da Cultura foi mesmo obrigado a demitir-se, por se ter expressado também, numa rede social, de uma forma indigna de um membro do governo. Não é, portanto, por motivos pessoais – aliás inexistentes – que se presta este esclarecimento, mas em prol da verdade e a bem da nação.

(…)

É óbvio que o recurso à calúnia mais não foi do que uma manobra de diversão, para desviar a atenção do que realmente interessa: a implementação, em Portugal, da ideologia de género.
Como muito bem escreveu o Engº Mário Cunha Reis, conselheiro nacional do CDS,

a área de Cidadania e Desenvolvimento, dirigida a crianças desde os 6 anos de idade, é o ‘cavalo de Tróia’ para a introdução da ideologia de género, da sexualidade precoce e da cultura LGBTIdeologia de Estado, Observador, 16-3-2019.

O mesmo engenheiro escreveu ainda: “João Costa rejeita a existência da Ideologia de Género. Demonstração? Simples: ‘Uma pesquisa bibliográfica simples no catálogo da Biblioteca Nacional não regista qualquer entrada sobre Ideologia de Género (sic). Tive oportunidade confirmar e de fazer igualmente uma pesquisa por Ideologia Comunista. De facto, para ambas não há qualquer resultado, pelo que devo depreender também que a ideologia comunista não existe, não obstante ter sido causadora da perda de milhões de vidas humanas. Bizarro, não é? Contudo, fazendo uma pesquisa por queer, a teoria que confere o carácter científico à ideologia de género, a que defende que a orientação sexual e a identidade sexual ou de género é uma construção social, não estando constrangida pela natureza ou pela biologia, é apresentada mais de uma dezena de entradas”.

Conclui Mário Cunha Reis: “Se o Doutor João Costa estivesse a prestar provas académicas, por certo que ouviria do júri que se esperava dele maior honestidade intelectual; mas, afinal, trata-se, agora, de um mero governante socialista”. Pois é, e é pena.

Haja a esperança de que o próximo Secretário de Estado da Educação, mesmo que seja também de um governo low Cost(a), não só seja um governante a sério, mas sobretudo seja sério. Pode ser que ainda haja algum, no porão da arca de Noé…

P. Gonçalo Portocarrero de Almada

 

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