Críticos de Cristas: o partido não pode ser tão “moderninho”

por Paula Sá/DN

O CDS sai das europeias em mau estado. Este é o diagnóstico da ala critica a Assunção Cristas, a Tendência Esperança e Movimento (TEM), que exige uma mudança de estratégia e de posicionamento do partido para as legislativas.

“Já esperávamos que isto ia acontecer e alertámos para isso”, afirma ao DN Abel Matos Santos, líder da TEM, a tendência mais conservadora dentro do CDS que tem sido sistematicamente contra líder. O “isto” foi o pior resultado do partido em eleições europeias, um único eurodeputado eleito com 6,21%.

A TEM nunca deixou de criticar a líder, por isso, agora, o desafio a Assunção Cristas é claro: “Ou continua com esta forma de liderança centrada em si própria, que é um caminho errado, ou faz um exame de consciência e ouve as críticas construtivas antes de ir a eleições”, diz porta-voz desta ala conservadora do CDS.

Abel Matos Santos critica a linha ideológica que sem sido seguida por Assunção Cristas, que diz ser a de aproximação ao centro, e tenciona confrontá-la na próxima comissão política do partido. “É fundamental que no espetro político exista um CDS que interprete sem dúvidas o que é a democracia-cristã e os princípios fundadores do partido”, garante o democrata-cristão.

E insiste: “O encostar ao centro levou ao pior resultado de sempre”. Uma alusão ao período quando o CDS ficou reduzido a quatro mandatos no Parlamento, e era chamado do partido do “táxi”. O pior resultado foi em 1987, quando Cavaco Silva conseguiu maioria absoluta. O CDS ficou apenas com quatro deputados, com 4,4% dos votos. Abel Matos Santos entende que se o partido continuar a seguir a mesma estratégia poderá cair novamente numa situação similar. “Se o partido anda à procura dos votos do PS, PSD e do BE não conseguirá crescer”, frisa.

“É fundamental que no espetro político exista um CDS que interprete sem dúvidas o que é a democracia-cristã e os princípios fundadores do partido”

Apesar do mau resultado nas europeias, Abel Matos Santos salvaguarda a posição do cabeça de lista, Nuno Melo, que também esteve para avançar para a corrida à liderança do CDS quando Paulo Portas decidiu que chegara a hora de passar a pasta. “O CDS ainda teve este resultado porque existe Nuno Melo nesta campanha, senão acabávamos por ter uns 4%. Salvou a honra do convento, foi um bom candidato”.

O porta-voz da TEM quer que a direção “tire ilações do mau resultado” e deixe de posicionar o partido ao centro. “Para se mudar a situação tem de se ir buscar votos aos 75% dos portugueses que não votaram ou votaram branco e nulo. É aqui que está o eleitorado do CDS”.

“O CDS ainda teve este resultado porque existe Nuno Melo nesta campanha, senão acabávamos por ter uns 4%” Salvou a honra do convento, foi um bom candidato”

Abel Matos Santos dá exemplos de más opções da líder. A “guerra” dos professores e as passadeiras que os membros da junta de freguesia de Arroios quiseram pintar com a bandeira da comunidade LGBTI. “O partido começa a não ter uma doutrina e o nosso eleitorado não gosta disto. Não é pela líder do partido ser popular e cozinhar atum num programa da manhã que ganhamos votos”, diz, numa alusão à presença de Cristas no programa de Cristina Ferreira, na Sic.

A TEM exige, por isso, uma mudança de rumo. “A líder tem de ir a eleições, mas é preciso perceber que o partido é mais do que o sound byte. Ou sermos os moderninhos ao centro, quando o centro já está ocupado”.

2 thoughts on “Críticos de Cristas: o partido não pode ser tão “moderninho”

  1. Boa exposição.
    O CDS tem que saber cativar as gentes de Direita, portugueses autênticos, genealogicamente nacionais, que estão decepcionados com o rumo que toda a política nacional tem tomado, em especial o fraco/cobarde combate que o CDS faz à corrupção de governantes, de falta de investimento em indústrias onde já fomos fortes, caso da indústria naval, incentivar políticas de reflorestação nacional, mesmo que a mal, com espécias autóctones, caso do castanheiro e do sobreiro….

  2. O futuro do CDS é transformar-se num partido liberal na economia e conservador nos costumes. Liberal na economia não significa patrocinar ou beneficiar das negociatas tipo Paulo Portas. significa sim, assumir que é a economia privada a tomar a iniciativa e o Estado a cobrar impostos mínimos em funções minimas.

    Como obter eleitores com estas propostas ? Basta dizer que se quer cidadãos independentes do Estado capazes de assegurar o seu proprio futuro em vez de indigentes. O CDS seria um partido de auto-ajuda è evolução da sociedade, sem ser indiferente aos mais incapazes mas sem prejudicar os capazes.

    Não voto no CDS, mas sou simpatizante da TEM,

Comments are closed.